Por Filipe de Paiva
Com a
aproximação da estreia do novo filme de Walter Salles, “Na Estrada”, que chega
aos cinemas em 13 de julho, o livro de Jack Kerouack que serviu de inspiração
para o roteiro volta a ganhar destaque e conquistar novos fãs no meio
literário.
(Imagem: Internet)
A
história é narrada por Sal Paradise e acompanha a vida dele e de Dean Moriarty
cruzando os EUA várias vezes, seja de ônibus, carro, pedindo carona, pulando em
trens ou o meio de transporte do qual dispuserem. Amizades e relacionamentos
extremos, sexo, drogas, rock e jazz recheiam as páginas que passam rapidamente,
quase sem ser notadas. Para os fãs de enredos móveis, que não criam raízes e
estão sempre apresentando novos lugares e personagens, todos marcantes e bem
desenvolvidos, a obra que consagrou Kerouac é um prato cheio.
De
todos os muitos personagens, Dean é a alma do livro. Ele é a personificação da
alegria, da espontaneidade, da irreverência e, por vezes, da indiferença. Sua
presença é muito forte, mesmo nos capítulos em que ele está ausente. O
magnetismo dele vai além dos personagens e contagia o leitor. Quando ele fala,
automaticamente se começa a ler mais rápido, completamente levado por sua onda
de urgência e agitação. Ele é como uma criança que simplesmente faz o que dá
vontade, levando o Carpe Diem ao exagero.
Sal
Paradise também deixa sua marca. Além deles, Camille e Marylou, duas das muitas
mulheres de Dean, são tão amáveis e odiáveis quanto ele e, apesar de toda a
loucura da qual nem elas escapam, são um pouco do “pé no chão” da história. Old
Bull Lee é o drogado sábio que tem muita coisa a ensinar, mesmo que nem sempre
o faça. E todos os outros personagens têm sua pequena grande parcela de
importância, seja para a vida de Sal e Dean, seja para o livro em si.
A
narrativa de Kerouac é envolvente – a impressão que se tem é de estar em um bar
batendo um papo com o autor enquanto se tomam uma cerveja e ouve boa música. E
falando em música, o livro é tão – ou mais – ritmado quanto uma. O fluxo de
palavras é contínuo e às vezes até pede fôlego, mesmo sem ler em voz alta.
Walter Salles tem em mãos uma história riquíssima. Se
a adaptação for bem feita, ele, a equipe e o elenco podem se preparar para
diversos prêmios. “Pé na Estrada” é uma obra prima literária que merece ser lida.
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