domingo, 3 de junho de 2012

Resenha: Pé na Estrada, de Jack Keroack

Por Filipe de Paiva

Com a aproximação da estreia do novo filme de Walter Salles, “Na Estrada”, que chega aos cinemas em 13 de julho, o livro de Jack Kerouack que serviu de inspiração para o roteiro volta a ganhar destaque e conquistar novos fãs no meio literário.

(Imagem: Internet)

A história é narrada por Sal Paradise e acompanha a vida dele e de Dean Moriarty cruzando os EUA várias vezes, seja de ônibus, carro, pedindo carona, pulando em trens ou o meio de transporte do qual dispuserem. Amizades e relacionamentos extremos, sexo, drogas, rock e jazz recheiam as páginas que passam rapidamente, quase sem ser notadas. Para os fãs de enredos móveis, que não criam raízes e estão sempre apresentando novos lugares e personagens, todos marcantes e bem desenvolvidos, a obra que consagrou Kerouac é um prato cheio.

De todos os muitos personagens, Dean é a alma do livro. Ele é a personificação da alegria, da espontaneidade, da irreverência e, por vezes, da indiferença. Sua presença é muito forte, mesmo nos capítulos em que ele está ausente. O magnetismo dele vai além dos personagens e contagia o leitor. Quando ele fala, automaticamente se começa a ler mais rápido, completamente levado por sua onda de urgência e agitação. Ele é como uma criança que simplesmente faz o que dá vontade, levando o Carpe Diem ao exagero.

Sal Paradise também deixa sua marca. Além deles, Camille e Marylou, duas das muitas mulheres de Dean, são tão amáveis e odiáveis quanto ele e, apesar de toda a loucura da qual nem elas escapam, são um pouco do “pé no chão” da história. Old Bull Lee é o drogado sábio que tem muita coisa a ensinar, mesmo que nem sempre o faça. E todos os outros personagens têm sua pequena grande parcela de importância, seja para a vida de Sal e Dean, seja para o livro em si.

A narrativa de Kerouac é envolvente – a impressão que se tem é de estar em um bar batendo um papo com o autor enquanto se tomam uma cerveja e ouve boa música. E falando em música, o livro é tão – ou mais – ritmado quanto uma. O fluxo de palavras é contínuo e às vezes até pede fôlego, mesmo sem ler em voz alta.

Walter Salles tem em mãos uma história riquíssima. Se a adaptação for bem feita, ele, a equipe e o elenco podem se preparar para diversos prêmios. “Pé na Estrada” é uma obra prima literária que merece ser lida.

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