sábado, 10 de março de 2012

Mulheres, o sexo forte


No Dia Internacional da Mulher elas mostram que não tem nada de frágil e superam todos os desafios da vida com alegria e sensibilidade incomparáveis
Por: Jessica Silva da Gama

Mulheres protestam em 8 de março de 1857 - Foto: Site Mulheres no Poder

Em pleno século XXI, a violência e discriminação contra as mulheres ainda é uma realidade em todo o mundo. Por isso, o dia oito de março, oficializado como o Dia Internacional da Mulher ainda é comemorado com desejos de mudança. A data escolhida não só para comemorar, também tem a proposta de relembrar e marcar as diversas lutas por melhores condições de vida e igualdade ao longo da história. Oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, o Dia da Mulher foi criado em reconhecimento às manifestações, protestos e a resistência de mulheres que lutavam por melhores condições de trabalho, dignidade e igualdade. 

A versão mais popular é que o dia 8 de março foi escolhido por representar a luta de um grupo de operárias de uma fábrica de tecidos no ano de 1857, em Nova York. Submetidas a um sistema de trabalho desumano, com condições insalubres e perigosas, jornadas de 16 horas diárias, espancamentos e assédios sexuais, estas mulheres lutavam pela redução da carga horária, igualdade de salários e respeito. Para reivindicar melhores condições de vida e trabalho, elas organizaram uma grande greve e ocuparam a fábrica no intuito de que suas exigências fossem atendidas, mas a manifestação não foi tolerada. Em uma atitude bárbara, as grevistas foram trancadas dentro da fábrica, que logo depois foi incendiada, e aproximadamente 130 mulheres morreram.

Hoje o cenário é diferente, as mulheres, antes totalmente excluídas, agora ocupam posições de poder. Um grande exemplo desta conquista é a eleição que marcou a escolha da primeira mulher para a presidência da república no Brasil. Muitas outras estão conquistando ou já conquistaram seu espaço no mercado de trabalho e na vida. Mais um exemplo moderno desta luta é a história de Sônia Maria de Souza, de 64 anos. Uma mulher que como outras nasceu em uma época em que o machismo e a desigualdade ainda reinavam. Apesar das adversidades ela nunca desistiu de seus sonhos e lutou estimulada pela alegria de viver.


Lutar, sorrir e lutar




Sônia acredita que o importante é nunca desanimar
Foto: Jessica Silva da Gama
Sônia nasceu em Resende, município localizado no oeste do estado do Rio de Janeiro. Passou a infância e adolescência na cidade, terminou o antigo colegial, e depois conseguiu um trabalho na secretaria do colégio em que estudou, onde trabalhou até os 25 anos. Boa filha, ela sempre teve um ótimo relacionamento com seus pais, uma família bem estruturada e feliz. Mas Sônia como quase todas as mulheres queria mais, ela queria saber como poderia ser a vida em uma cidade grande, que oportunidades poderiam aparecer e não hesitou em mudar. 

Assim a resendense começou a sua história de lutas, perdas e conquistas. Sônia abandonou a vida pacata e chegou à capital do estado ainda sem saber o que viria pela frente. Recebida por uma conhecida de sua mãe, ficou alguns meses hospedada na casa da senhora até conseguir seu primeiro emprego na nova cidade. Instalada definitivamente, trabalhou como datilógrafa e secretária por alguns anos e enfrentou patrões machistas sem perder a sensibilidade. Até que conseguiu a tão almejada independência financeira ao ser contratada por uma estatal de mineração. Em um ambiente predominantemente masculino ela conquistou o respeito profissional de seus colegas com uma alegria particular.

Aos 35 anos, com um emprego aparentemente seguro e uma estabilidade financeira, ela conquistou seu apartamento e outros bens. Nessa fase de realizações, Sônia se tornou mãe. Muito segura do que queria, ela realizou seu sonho, e assumiu o desafio de ser mãe solteira sem hesitar. Com 40 anos, após treze de muito trabalho, em 1992, uma nova reviravolta mudou a trajetória desta mulher para testar sua vontade de vencer. Com a extinção da estatal em que trabalhava durante o governo Fernando Collor, ela e outras centenas de servidores viram a vida mudar. Desempregada ela precisou vender tudo o que tinha e voltou para Resende. Com o apoio de seus pais superou este e outros desafios que vieram com a maternidade. Tornou-se avó e trabalhou por mais nove anos em um clube da cidade natal.

Depois de uma longa batalha judicial e dificuldades financeiras, ela e outros ex-funcionários da estatal foram reintegrados em outras empresas. Após 21 anos, Sônia retornou ao serviço público em dezembro de 2011. Em uma nova função, para ela tudo é novo, mas diz que não tem medo de aprender. “Eu faço aniversário em dezembro, esta notícia foi um presente de aniversário. Depois de 21 anos de luta, ter esta oportunidade de recomeçar é uma felicidade, me sinto muito satisfeita. Pra mim a vida é bela”.

Hoje a técnica de administração comemora a vitória profissional, apesar de enfrentar outras batalhas como o recente infarto que sofreu no início do ano. Desta vez na luta pela saúde, ela promete não desanimar e fazer valer a oportunidade que a vida lhe deu.

Este dia marcado por lutas de diversas mulheres em todo o mundo na busca por dignidade e igualdade serve para que a sociedade reflita e perceba que ainda precisa aprender muito para conseguir vencer esta barreira que aos poucos está desaparecendo. A história de Sônia e de tantas outras mulheres mostra que a luta continua e elas não perderam a força. Apenas reafirma que a vontade de lutar de inúmeras mulheres que resistiram ao machismo, à discriminação e a diversos outros tipos de violência ao longo da história continua.  





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